Arte coletiva em torno da igualdade de gênero estampa muros da Aliança Francesa Recife

Artistas mulheres posam para foto na Aliança Francesa Recife

Considerada uma das mais tradicionais do Brasil, a Aliança Francesa Recife chega em 2021 aos seus 75 anos de existência e já inicia as comemorações com uma arte coletiva, neste mês de agosto, realizada por seis artistas mulheres que foram selecionadas pelo coletivo Aurora de Estrelas.

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O trabalho delas já está exposto nos muros da sede da Aliança Francesa Recife, no bairro do Derby, com a temática Mulheres por mulheres, sete décadas de história, em torno da luta das mulheres pela igualdade de gênero em todos os campos civilizatórios – ciência, cultura e política. A exposição, aberta ao público, é promovida pela Aliança Francesa Recife em parceira com o Consulado da França no Recife, e já pode ser conferida ao vivo.

O coletivo Aurora de Estrelas é uma organização que promove inclusão social através da arte e ajuda pessoas em situação de rua a se reconectarem com suas trajetórias pessoais e profissionais.

Na lista de artistas confirmadas para a pintura coletiva estão Rayana Viana (Rayo); Nathália Ferreira (Nathê); Sarah Nazareth; Clara Moreira; Priscila Lins; e a multiartista, Cigana. Em diálogo com a Aliança Francesa Recife, a Secretaria da Mulher do Recife sugeriu nomes de mulheres com histórias marcantes na cidade que podem servir de inspiração às artistas.

Com mais de sete décadas de presença no Recife, a Aliança Francesa acompanhou a transformação da cidade e testemunhou a evolução das sociedades brasileira e francesa. Ao longo desses anos, o espaço foi ponto de encontro de intelectuais locais e formou milhares de alunos na proficiência da língua francesa.

“Sempre promovemos o intercâmbio cultural com a circulação de artistas franceses e artistas locais, em eventos multiculturais. Agora, iniciar a celebração do aniversário da sua fundação com intervenção artística, deixando nossos muros como tela para seis artistas mulheres da região, reafirma o papel central da nossa missão cultural. A Aliança Francesa é a casa da sociedade civil recifense, e reflete uma longa e bela amizade franco-brasileira”, comenta a diretora da Aliança Francesa Recife, Amina Mazouza.

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Instituição – A Aliança Francesa Recife funciona como uma ponte entre a capital pernambucana e a França. Presente no Brasil desde 1885, foi em 1946 que a instituição de ensino chegou ao Recife, fundada por intelectuais da cidade, como Lucilo Varejão (Filho), escritor e poeta (1921-2010), professor, cátedra Língua e Literatura Francesa do departamento de Letras da UFPE e membro da academia de Letras de Pernambuco.

Confira algumas fotos dar artes (Créditos: Cristóvão Freire)

Palavras do curador

Aliança é uma palavra feminina. É um círculo e vem com a força das escolhas conscientes. É o movimento que não tem fim que não seja início. É o caminho que vai e que também volta, é o todo que está contido dentro do que é único.

Seis artistas, seis mulheres, seis pontos de vista que se unem para celebrar a noção de imaterialidade que constrói o mundo vivo. Existem as fronteiras, as bandeiras e os limites. E existe algo que passa por tudo isso, que dá sentidos e significados que transcendem o tempo e o espaço. A linguagem francófona nasce como um projeto de estruturação do mundo globalizado e colonizado, mas se reinventa nas comunidades mais diversas, nos imigrantes, nos fluxos de retorno. Na mandioca que alimenta em Chateau Rouge.

A noção de pátria como projeto organizado se desfaz no balançar dos corpos africanos, na comida que conquista o conquistador, na eternidade que não obedece os jogos do poder. França vira Senegal, que vira Maranhão. Os adornos neoclássicos imitam as harmonias cósmicas celebradas em Benin. É tudo Olorum. A realeza se curva para a vida e a natureza, senhoras de tudo, principalmente do que não se percebe pela ótica apressada dos impérios. Existe uma inteligência que vive nas ruas, que se esconde nas raízes que partem o concreto, que dorme nas praças de formas gloriosas e histórias esquecidas, como a Maciel Pinheiro, onde vivem jovens que vão ajudar a contra o outro lado da história.

Surge a mátria, a nação que se une pela força da ancestralidade, dos símbolos e afinidades amalgamados pelo sorriso de quem vê o tempo passar e sabe que o caminho que vai e também o caminho que volta.